terça-feira, 20 de maio de 2025

Abaixo-assinado cobra justiça no caso Zaira Dantas e reforça luta contra o feminicídio no RN

Currais Novos (RN), 08 de maio de 2025Um grupo formado por movimentos sociais, coletivos feministas, entidades estudantis, organizações de direitos humanos e lideranças comunitárias lançou, nesta quarta-feira (8), um abaixo-assinado público exigindo justiça no caso do assassinato de Zaira Dantas Silveira Cruz, jovem natural de Currais Novos, morta de forma brutal durante o carnaval de 2019, na cidade de Caicó.

O documento, que circula de forma ampla pelas redes sociais e por meio de mobilizações presenciais, é endereçado a diversas autoridades do estado, entre elas o presidente do Tribunal de Justiça do RN, desembargador Ibanez Monteiro, o juiz do caso, Valter Antônio Silva Flor Júnior, além da Corregedoria-Geral de Justiça, Ministério Público Estadual, Defensoria Pública, parlamentares e órgãos de defesa da mulher. O texto também foi encaminhado à governadora do Estado, professora Fátima Bezerra, solicitando atenção especial ao caso e reforço nas políticas públicas de combate à violência de gênero.

O principal objetivo da mobilização é pressionar por celeridade, transparência e rigor na condução do julgamento, previsto para o próximo dia 2 de junho de 2025, em Natal. Embora a sessão do júri ocorra em caráter fechado ao público, os signatários do manifesto alertam que o silêncio institucional e o apagamento social não podem prevalecer sobre um crime marcado por claros indícios de feminicídio.

Zaira foi vítima de um sistema que falha em proteger mulheres. Exigimos que esse caso seja tratado com a seriedade que merece e que a justiça seja feita — de forma visível, com responsabilidade e com compromisso com a verdade”, afirma o trecho central do documento.

Reivindicações diretas

O abaixo-assinado público elenca quatro exigências principais às autoridades competentes:

  1. Celeridade no julgamento e total comprometimento com a verdade dos fatos.

  2. Reconhecimento do crime como feminicídio, nos termos da legislação brasileira.

  3. Transparência e ampla divulgação institucional das decisões judiciais.

  4. Compromisso com a memória de Zaira e com a não repetição de crimes similares, por meio de ações educativas e políticas públicas voltadas ao enfrentamento da violência contra mulheres.

Símbolo de luta e resistência

Zaira Dantas, jovem alegre e cheia de sonhos, tornou-se símbolo de uma luta que ultrapassa os limites geográficos do Seridó. O seu nome passou a representar a dor de muitas famílias e a urgência de transformar a forma como a justiça e o poder público lidam com os casos de violência contra a mulher no Rio Grande do Norte.

A mobilização pede ainda o engajamento da sociedade civil por meio de assinaturas no abaixo-assinado, como forma de demonstrar apoio à causa e fortalecer a pressão social em torno do julgamento.

Zaira vive em nossa luta. A justiça precisa ser feita — e precisa ser vista”, reforça o documento.

A iniciativa conta com muitas adesões e pretende ampliar ainda mais sua visibilidade nas próximas semanas, especialmente com a proximidade do julgamento.


Serviço:
🔗 Abaixo-assinado por Justiça para Zaira
📅 Julgamento: 2 de junho de 2025 – Natal (RN)
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Link do abaixo assinado: 

Sudene e INSA concluem diagnóstico sobre a bovinocultura de leite na Paraíba e no Rio Grande do Norte

 Iniciativa inédita busca aumentar a produtividade da cadeia produtiva nos municípios da bacia hidrográfica do Rio Piranhas-Açu


Com o objetivo de propor soluções que potencializem o manejo e a produtividade dos rebanhos, impulsionando a bovinocultura de leite da bacia hidrográfica do Rio Piranhas-Açu, a Sudene e o Instituto Nacional do Semiárido (INSA) concluíram o projeto “Diagnóstico produtivo, análises zootécnicas, aspectos gerenciais e propostas de soluções para a bovinocultura de leite da bacia hidrográfica do Rio Piranhas-Açu, Brasil”. A iniciativa inédita busca fortalecer as potencialidades da produção local, visando geração de emprego e renda para a população.

 

Segundo a coordenadora-geral de Promoção do Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente da Sudene, Betariz Lyra, “o estudo identificou o potencial de expansão produtiva em 76% dos produtores e uso crescente de forrageiras como sorgo e milho, além do interesse em capacitação técnica, sobretudo nos temas de nutrição, custos e genética”.

 

O diagnóstico foi realizado em parceria com pesquisadores do INSA, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e parceiros locais, abrangendo os municípios de Cajazeirinhas, Coremas, Paulista, Pombal e São Bento (PB), além de Jardim de Piranhas, Jucurutu e Itajá (RN), território que compõe uma área de agricultores familiares do semiárido, região que tem a produção de leite bovino como uma das principais atividades econômicas.

 

Foi identificado que a grande maioria dos produtores é do sexo masculino (98%) e possui baixa escolaridade, com 68% das famílias ganhando entre três e cinco salários mínimos. A maioria das propriedades é de pequeno porte, com rebanho inferior a 100 animais (apenas 1,53% das fazendas são grandes propriedades). Um dos problemas apontados foi a falta de infraestrutura básica, como silos, tanques de resfriamento e locais adequados para ordenha.

 

Sobre a produtividade, a média diária é de 9,7 litros por vaca, mas alguns municípios, a exemplo de Paulista e Jucurutu, se destacam com maiores índices. Ficou evidenciado, ainda, que propriedades com mais de 50 vacas em lactação tendem a ter melhores desempenhos produtivos. O diagnóstico aponta que o uso de concentrado e silagem ainda é limitado e, em muitos casos, sem critérios técnicos.

 

Foram reportados gargalos em relação à gestão e assistência técnica – 36% dos produtores não fazem controle zootécnico, apenas 20% deles participam de capacitações técnicas e 59% não têm acesso à assistência técnica regular. Em relação à qualidade hídrica e sanidade, o estudo revelou que poucos produtores realizam análises de qualidade da água e a higiene na ordenha é considerada deficiente, ficando constatado que 24,5% não adotam nenhum processo higiênico. A pesquisa considerou que a vacinação e os testes sanitários são razoavelmente adotados, mas o atendimento veterinário ainda é escasso e muitas vezes feito pelo próprio produtor.

 

Entre os produtos entregues pelo projeto, estão a obtenção de indicadores econômicos da produção de leite na bacia hidrográfica do rio Piranhas-Açu; a sistematização dos dados e elaboração de um estudo para identificar os pontos fortes e pontos fracos da produção leiteira; e a identificação das ferramentas de gestão econômica que os produtores usam na sua atividade. Foram realizadas capacitações de agricultores, técnicos e estudantes sobre a produção e o estoque de forragens para a melhoria do manejo alimentar de bovinos leiteiros, além de oficinas e seminários.

 

Iniciado no segundo semestre de 2021, o projeto contou com investimento de R$ 298,93 mil, viabilizado por meio de Termo de Execução Descentralizada (TED), repassados pela Sudene. Para garantir a disseminação do conhecimento gerado estão sendo publicados artigos científicos e documentos técnicos, visando alcançar tanto o público-alvo quanto a sociedade em geral.

Seminário “RN Faz Bonito” reúne instituições em defesa da infância e adolescência

O Governo do Rio Grande do Norte, por meio da Secretaria de Estado das Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos (Semjidh), da Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social (Sethas) e da Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), realizou nesta segunda-feira (19) o seminário RN Faz Bonito. A ação está inserida na campanha nacional de enfrentamento ao abuso e à violência sexual contra crianças e adolescentes.

O evento reuniu representantes de instituições, entidades e secretarias de diversas regiões do estado que atuam na garantia dos direitos da infância e adolescência. A iniciativa reforça a necessidade de articulação entre os diversos setores do poder público para o enfrentamento efetivo dessa violação de direitos.

Durante a abertura, a secretária da Semjidh, Júlia Arruda, destacou que o evento não tem apenas um caráter simbólico, mas representa uma estratégia de articulação entre os órgãos públicos. “A complexidade do enfrentamento ao abuso e à exploração sexual exige a atuação integrada do Estado. E é essa intersetorialidade que buscamos fortalecer, pois nenhuma política pública isolada é capaz de enfrentar sozinha essa violação de direitos”, afirmou.

O delegado do Departamento de Proteção a Grupos em Situação de Vulnerabilidade (DPGV) da Polícia Civil do RN, Ricardo Eduardo Neto, alertou para a gravidade e frequência dos casos. “Quem lida diariamente com violência sabe que casos semelhantes ao de Araceli Cabrera Crespo ocorrem todos os dias. Recebemos, cotidianamente, meninos e meninas vítimas de violência sexual. Essa realidade precisa ser combatida com firmeza. Precisamos proteger nossas crianças e adolescentes”, enfatizou.

Francisco Júnior, conselheiro do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do RN (Consec/RN), também destacou a urgência do tema. “Vivemos uma verdadeira pandemia de violência sexual. É fundamental rompermos esse ciclo e colocar as vítimas como prioridade absoluta”, pontuou.

A secretária da Sethas, Íris Oliveira, encerrou a mesa de abertura reforçando o compromisso do Governo do Estado com a proteção infantojuvenil. “É essencial contar com pessoas comprometidas com essa pauta. Estamos fortalecendo nossas ações para combater o abuso e a exploração de crianças e adolescentes”, declarou.

A programação do evento contou ainda com duas mesas-redondas. A primeira discutiu a importância da intersetorialidade no combate a esses crimes. Já a segunda abordou os 25 anos da Lei Federal nº 9.970/2000, que instituiu o 18 de maio como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, debatendo os avanços e desafios enfrentados desde sua criação.

O seminário também promoveu discussões sobre os direitos da infância e adolescência, formas de identificar situações de abuso, canais de denúncia e o papel de instituições como o Estado, a escola, a família e os municípios na proteção e no acolhimento das vítimas.

Maio Laranja: mobilização nacional pelo fim da violência sexual infantojuvenil

A campanha Maio Laranja é uma mobilização nacional que busca conscientizar a sociedade sobre o enfrentamento ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. Instituída com base na Lei nº 9.970/2000, que marca o dia 18 de maio como o Dia Nacional de Combate a esse tipo de violência, a iniciativa visa dar visibilidade ao problema, promover ações de prevenção e fortalecer a rede de proteção às vítimas.

Entre os principais objetivos da campanha estão:

  • Conscientização sobre a gravidade do problema e a importância da prevenção;
  • Promoção de ações educativas, como o ensino sobre consentimento e a criação de ambientes seguros;
  • Fortalecimento da rede de atendimento, com suporte psicológico, médico e jurídico às vítimas;
  • Estímulo à denúncia, garantindo um ambiente seguro para que crianças e adolescentes possam relatar casos de violência;
  • Promoção do diálogo e da educação, com foco nos direitos da infância e formas de identificar sinais de abuso.

Durante o Maio Laranja, diversas atividades são realizadas em todo o país, como palestras, rodas de conversa, campanhas nos meios de comunicação e mobilização de entidades públicas e organizações não governamentais. A campanha reforça que prevenir é o melhor caminho e que proteger nossas crianças e adolescentes é responsabilidade de toda a sociedade.

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Mudança na Secretaria de Administração da Prefeitura de Lagoa Nova

A Prefeitura Municipal de Lagoa Nova realizou mudanças na titularidade da Secretaria de Administração e Recursos Humanos. As alterações foram oficializadas por meio de portarias publicadas na edição desta segunda-feira, 19 de maio, do Diário Oficial dos Municípios do Rio Grande do Norte.

Anne Caroline Aciole da Costa, que até então ocupava o cargo de secretária titular da pasta, passa agora a atuar como secretária adjunta de Administração. Em seu lugar, assume o cargo de secretário titular José Heitor Matias, que anteriormente ocupava o cargo de secretário adjunto da Secretaria de Administração e Recursos Humanos.

 

domingo, 18 de maio de 2025

PAX | RN investe em tecnologia espacial com o I Workshop da Constelação Potiguar

Evento promovido pelo PAX | O RN pretende debater o uso de nanossatélites para o desenvolvimento econômico e monitoramento ambiental no estado.
No próximo dia 29 de maio de 2025, Natal será palco de um evento que promete posicionar o Rio Grande do Norte como referência nacional no setor aeroespacial. OI Workshop da Constelação Potiguar, promovido pelo Parque Científico e Tecnológico Augusto Severo - PAX | RN, marcará o lançamento oficial do Projeto Constelação Potiguar, uma iniciativa estratégica para o desenvolvimento, construção e operação de uma constelação composta por 12 nanossatélites.
Com foco em aplicações como economia do mar, gestão de recursos hídricos, prevenção de desastres naturais e monitoramento ambiental, o projeto é fruto da articulação entre o PAX RN e instituições de peso, como Agência Espacial Brasileira (AEB), INPE, IFRN, UFRN, UERN, UFERSA, Marinha do Brasil, Defesa Civil, FIERN, OAB/RN e EMPARN. A proposta é transformar o estado em um cluster aeroespacial nacional, aproveitando sua localização estratégica próxima à linha do Equador.
O evento é gratuito e será realizado no Auditório da Reitoria da UFRN, com uma programação que inclui palestras com especialistas da área espacial, sessões de trabalho, debates sobre financiamento em ciência e tecnologia, além de visitas técnicas a instituições como o INPE, o CLBI e o Instituto Santos Dumont, no dia 30 de maio.
Segundo o diretor-presidente do PAX RN, Olavo Bueno de Oliveira Filho, o Workshop será uma oportunidade única para fortalecer a articulação entre os setores público, acadêmico e produtivo, promovendo sinergia em torno de um ecossistema de inovação aeroespacial.
A participação no evento é gratuita e deverá reunir autoridades, pesquisadores, investidores e representantes da sociedade civil em um momento decisivo para o futuro tecnológico do estado.
Os interessados em participar do evento devem se inscrever no seguinte link: https://forms.office.com/r/zJUSFqeSTn . Mais informações, acesse: www.paxrn.com.br ou envie e-mail para comunicacao@paxrn.com.br .

Informações sobre o evento:
Local: Auditório da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Data: 29 de maio de 2025
Horário: 8h30 às 16h30

Ancelotti convoca seis jogadores do Fla na sua 1ª pré-lista para Seleção

 

A lista final com 23 nomes será anunciada por Ancelotti no dia 26 de maio, no Rio de Janeiro.

Aprimeira pré-convocação de Carlo Ancelotti como técnico da Seleção Brasileira inclui seis atletas do Flamengo: Danilo, Wesley, Léo Ortiz, Alex Sandro, Gerson e Pedro. De acordo com o GloboEsporte, a CBF notificou os clubes sobre a liberação dos jogadores no último sábado, conforme exigência da FIFA, 15 dias antes da apresentação, marcada para o dia 2 de junho. A lista final com 23 nomes será anunciada por Ancelotti no dia 26 de maio, no Rio de Janeiro.

Os compromissos da Seleção incluem partidas contra o Equador, no dia 5 de junho, em Guayaquil, e o Paraguai, no dia 10, na Arena Corinthians, em São Paulo. A pré-lista, que conta com cerca de 50 jogadores, foi definida em reuniões entre Ancelotti, o diretor de seleções Rodrigo Caetano e o coordenador técnico Juan, realizadas em Madri. Diferente da última convocação, em março, quando 52 nomes foram divulgados, a lista completa será mantida em sigilo até a escolha final.

Entre os flamenguistas, Wesley, Léo Ortiz e Gerson participaram da última convocação de Dorival Júnior, enquanto Danilo foi cortado. Alex Sandro esteve na pré-lista anterior, mas não na convocação final. Já Pedro retorna à Seleção após oito meses, depois de se recuperar de uma lesão no joelho sofrida durante treinos em setembro de 2024. O primeiro treino da nova fase da Seleção está agendado para o dia 2, no CT Joaquim Grava, do Corinthians.

A atleta Elizete Florêncio, de Lagoa Nova, brilhou no Campeonato Estadual de Atletismo para Adultos, realizado neste final de semana em Natal/RN!

 

Aos 51 anos, Elizete conquistou nada menos que duas medalhas:
1º lugar na prova de 3.000 metros com obstáculos
3º lugar na prova de 5.000 metros rasos

Com garra, dedicação e amor pelo esporte, Elizete é inspiração para todas as idades e mostra que determinação não tem limite!

Tragédia em Cerro Corá: caminhonete desgovernada atropela várias pessoas e causa morte de jovem na praça central

 

Na noite deste sábado (17), o município de Cerro Corá viveu momentos de horror e comoção. Por volta das 22h, uma caminhonete desgovernada invadiu a praça pública onde dezenas de pessoas aproveitavam o momento de lazer, atropelando várias delas de forma violenta.

O veículo era conduzido por Cícero Quirino da Silva, de 70 anos, natural de Lagoa Nova. Segundo informações da Polícia Militar, o condutor apresentava sinais claros de embriaguez e foi preso em flagrante no local do acidente.

Uma das vítimas, a jovem Flávia Talita da Silva, infelizmente não resistiu aos ferimentos e morreu na hora. A tragédia gerou forte comoção e revolta entre os moradores presentes, que reagiram destruindo o veículo ainda na praça. Durante a madrugada, o carro foi incendiado, e o Corpo de Bombeiros de Currais Novos precisou ser acionado para conter as chamas.

Cícero foi conduzido à Delegacia Regional de Currais Novos, onde teve o estado de embriaguez confirmado. Ele foi autuado e permanece preso à disposição da Justiça.

A Polícia Civil deverá instaurar inquérito para investigar todos os detalhes do caso. Enquanto isso, a população de Cerro Corá está em luto e clama por justiça pela morte de Flávia Talita.

Governo Federal orientou polícias a não prender invasores do MST


O governo federal emitiu um comunicado para as polícias militares e civis dos estados para que não prendessem invasores de terra durante o Abril Vermelho, onda de manifestações lideradas pelo MST. O alerta veio em comunicado do Ministério do Desenvolvimento Agrário encaminhado às secretarias estaduais de segurança pública no dia 10 de abril e que foi obtido pela CNN.

Ele traz uma interpretação jurídica do artigo 313 do Código penal: “Salientamos que não cabe a decretação de prisão preventiva no caso da prática deste tipo penal isoladamente, pois o art.313 do Código de Processo Penal brasileiro (Decreto-Lei n.3689/1941) apenas admite esta decretação para “crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos”. Tampouco cabe a prisão em flagrante para este crime, pois, como dispõe o art. 69, parágrafo único, da Lei federal. n. 9.099/1995, o procedimento correto para este caso será a lavratura de termo circunstanciado e o encaminhamento do acusado ao Juizado Especial Criminal competente, ou a tomada de compromisso do acusado para que compareça ao JEC em data e hora a ser estabelecido pelo Juizo”, diz o documento, assinado por Claudia Maria Dadico, Diretora do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Agrários Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar.

O comunicado também recomenda que, caso haja outros crimes praticados, haja “extrema cautela” para decretar prisão. “A decretação da prisão em flagrante ou da prisão preventiva, no caso de eventual identificação de outros crimes supostamente praticados, deve ser observada com extrema cautela, para que se evite que a autoridade policial possa vir a ser acusada da prática de crime de abuso de autoridade, previsto no art. 9º da Lei federal n. 13.869/2019”, afirma.

O documento ainda diz que “é entendimento pacífico do STJ (HC 371135-GO) e do STF (HC 140989-GO) que movimentos sociais não constituem organizações criminosas, e que outros crimes geralmente imputados aos manifestantes dependem de prova mínima de autoria e materialidade, além de atingirem o patamar estabelecido no art. 313 do CPP (pena máxima superior a 4 anos)”.

De acordo com o comunicado, “o procedimento correto a se ter nesse caso será comunicar os fatos às autoridades competentes, e fazer chegar a situação ao Poder Judiciário, para que este avalie a eventual concessão de ordem de reintegração de posse, que só pode ser requerida por quem teve a sua posse efetivamente turbada pelos manifestantes”.

O documento também aponta a existência de limites jurídicos para o exercício da legítima defesa para proprietários rurais. “Nos últimos anos cresceram as movimentações de proprietários e de ocupantes de imóveis rurais refratários às ocupações de terras promovidas por movimentos sociais do campo voltados a repelir estas ações de forma direta, alegando estarem juridicamente abrigados pelos institutos da “legítima defesa” e do “desforço próprio””, afirma.

“Como dispõe o parágrafo único do art. 23 do mesmo Código Penal, o excesso doloso ou culposo do agente torna a conduta punível. Assim, ainda que se considere a eventual prática de crime de esbulho (que não se configura quando o elemento subjetivo do tipo penal não está presente) há que se considerar que a proporcionalidade entre os bens jurídicos protegidos. Se o bem jurídico eventualmente violado no caso do crime do esbulho possessório é a propriedade, o risco de um atentado a bem jurídico de natureza superior (ex.: integridade física, vida) pode vir a configurar o chamado “excesso de legítima defesa”, com as sanções penais que lhe são cabíveis”, escreve a secretária.

Neste ano, o MST contabilizou 30 invasões de terra durante o Abril Vermelho, além de 5 invasões de órgãos públicos ligados ao Ministério do Desenvolvimento Agrário.

A CNN procurou Claudia Maria Dadico, mas ela estava em um local de difícil comunicação.

Interlocutores do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, relataram à CNN que se trata de um procedimento adotado para evitar que se repitam eventos como o de Eldorado dos Carajás, ocorrido no Pará em abril de 1996. Na ocasião, 17 sem-terra foram mortos em um conflito com policiais. Essas fontes relatam que a lógica do documento é evitar conflito no campo e que o modelo já gerou resultados, pois segundo a Comissão pastoral da terra as mortes no campo caíram de 47 em 2022, último ano do governo Bolsonaro, para 13 em 2024, uma redução de 70%. Na visão da pasta, portanto, não se trata de um protocolo autorizando ou facilitando invasões de propriedades.

10 anos depois: os desafios das crianças com microcefalia no Rio Grande do Norte


Em outubro de 2015, cerca de um mês antes do decreto de emergência em saúde pública motivado pelo aumento de casos de microcefalia associados ao vírus Zika, Maria da Guia dos Santos decidiu adotar Maria Victoria, uma bebê que havia sido rejeitada pela mãe biológica antes mesmo de nascer. Apesar de saber das condições da criança – além de microcefalia, a menina teve paralisia cerebral, meningite e hepatite – Daguia, como é conhecida, entendeu algo essencial, conforme ela mesma relata. “Victoria precisava de uma mãe, então, por que não adotá-la? Foi o que eu fiz e faria novamente, sem pensar duas vezes”, afirma, convicta.


Praticamente uma década depois – a menina vai fazer 10 anos em outubro – as duas, que moram em Nova Parnamirim, na Região Metropolitana de Natal, construíram uma conexão que tem como base o amor, fundamental para encarar os inúmeros desafios diários. “O amor cura, é o melhor remédio para qualquer doença”, frisa Daguia, hoje com 51 anos. Antes de falar das dificuldades, Maria da Guia, que trabalha como consultora de planos de saúde, recorda como aconteceu o encontro com Victoria. “A mãe biológica dela tentou interromper a gravidez. Foi isso que levou ao quadro de paralisia cerebral. A microcefalia é associada à zika. Quando nasceu, Victoria foi para a UTI. Fiquei sabendo da história dela uma semana antes da alta”, conta.


“Ela ia para um abrigo. Pensei o quanto seria difícil a vida daquela criança, porque as pessoas rotulam muito na hora de adotar, então, não olhei para diagnóstico algum, só quis ficar com ela”, completa a consultora. Ao longo da caminhada juntas, os desafios não pararam de surgir. No final do ano passado, Victoria recebeu um novo diagnóstico, de autismo severo. Apesar disso, cada evolução da menina representa um alento para Daguia. “Ela fica de pé, dá alguns passinhos e chama mamãe”, relata, orgulhosa.


A dona de casa Adelma Leandro, de 43 anos, sonha em ser chamada de mãe até hoje por João Victor. Por conta do quadro de microcefalia, o menino, de 9 anos, não fala. Ainda assim, ela não desanima. “A maior conquista é estar ao lado dele em todos os momentos”, afirma. O diagnóstico da condição foi dado quando Adelma estava com cinco meses de gestação. Ela conta que sequer compreendeu direito o que estava acontecendo.


“Era algo novo, até mesmo para os médicos. Tive Zika no começo da gravidez. Foi um quadro de muito sofrimento, com dores intensas, mas eu não tinha noção do que essa doença iria provocar no meu filho. Me falaram que ele tinha malformação, mas eu não imaginei que seria assim. Foi um susto. Quando ele nasceu, não parava de chorar dia e noite. O pediatra falou, um tempo depois, que era um choro neurológico, por causa da microcefalia”, descreve Adelma.

Busca por respeito e assistência

Os desafios de cuidar de uma criança com microcefalia estão por toda parte e exigem dedicação intensa. Daguia Santos conta com uma pessoa que auxilia nos cuidados com a filha enquanto ela está trabalhando. Não é a mesma situação de Adelma Leandro, que teve de deixar o emprego em um centro de distribuição de uma empresa de confecções após o nascimento de João Victor. A preocupação com as famílias que têm crianças com a condição levou Daguia a criar a Associação de Mães Especiais (AME).


A AME está em processo de instalação da nova sede, na zona Norte de Natal e, por isso, os serviços estão temporariamente suspensos. “A gente presta assistência por meio de acolhimento às mães e às crianças. São oferecidos acompanhamentos de fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia e neuropediatria”, explica Daguia, que faz um apelo para manter a associação funcionando. “A manutenção da AME é importante porque nós prestamos apoio não somente às crianças, mas às mães também, afinal, é fundamental cuidar de quem cuida”, diz. A associação é mantida por meio de doações feitas via pix (chave: projame.rn@gmail.com) e atende atualmente 62 famílias de todas as regiões do Estado.


“Tão essencial quanto cuidar das crianças é cuidar das mães. Algumas me ligam à meia-noite chorando porque não sabem o que fazer diante de certas situações. Elas precisam de acalanto. Passamos por momentos difíceis na AME, por isso, buscamos uma nova sede, que será aberta em breve. Precisamos bastante de ajuda”. Daguia cita que os serviços em geral, e especialmente na rede pública de saúde, para as crianças com microcefalia, são deficitários. Ela defende que haja uma atenção maior à assistência para essas crianças. “Tenho conhecimento de um menino que precisava de um exame de alta complexidade urgente, mas a autorização para o procedimento só chegou um mês depois da morte dele”, relata.


Adelma, que mora em Ceará-Mirim, na Grande Natal, conhece de perto essas lacunas. João Victor faz fisioterapia, fono e hidroginástica, mas no momento está com acesso a apenas dois desses serviços. “Ele não está frequentando as sessões de fisioterapia porque falta profissional. Estamos aguardando a Prefeitura encontrar um novo fisioterapeuta. Além disso, o menino chegou a passar nove meses sem acompanhamento com um neuro”, diz. O acesso às escolas é outro gargalo. “Não é um ambiente preparado para os nossos filhos”, fala Daguia, que já passou por episódios onde Maria Victoria foi rejeitada por algumas instituições de ensino.


“Passei por oito escolas e nenhuma delas aceitou a menina. Respirei fundo, abracei minha filha e fui para casa”, relata. As situações de preconceito e exclusão às quais crianças e familiares estão expostas não são raras. “Desde que adotei Victoria, nunca mais fui chamada para um aniversário”, comenta Daguia. Com Adelma e João Victor não é diferente. “É claro que tem muita gente que chega e abraça, porque entende a condição. Mas tem gente que não e isso nos afeta emocionalmente”, afirma a dona de casa. O receio em torno dos cuidados com as crianças faz com que as mães não queiram se afastar dos filhos em nenhum momento. Daguia, por exemplo, foi internada há cerca de 15 dias por conta de uma arritmia cardíaca. Diante das preocupações com Maria Victoria, no entanto, pediu para deixar o hospital mediante assinatura de um termo de responsabilidade. “Não havia escolha”, aponta.

RN tem 138 casos de microcefalia por zika

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), a microcefalia é uma anomalia congênita caracterizada pela redução do perímetro cefálico (redução da cabeça e do cérebro. No Rio Grande do Norte, segundo a Secretaria de Estado da Saúde Pública, com base em dados recentes do MS são 138 casos da síndrome congênita associados à infecção da mãe durante a gestação por Zika vírus, um dos fatores de risco para a condição. Em 2015, os casos associados dispararam, o que fez com que o MS decretasse emergência em saúde pública no Brasil até 2017.

Somente no período, foram registrados 4.595 nascidos vivos com esta malformação no País.
Além de Zika, a presença de outras variantes genéticas patogênicas ou alterações cromossômicas também estão relacionadas à microcefalia. Dentre essas variantes, segundo o MS, estão infecções gestacionais, sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes.

Doenças ou condições maternas, como diabetes e desnutrição, bem como exposição intrauterina a substâncias como álcool, radiação, e medicamentos também representam causas para a condição. A microcefalia pode ser diagnosticada já no pré-natal, de acordo com o método adotado pelo médico. Em recém-nascidos, a identificação é feita por meio de exames físicos, como a aferição do perímetro cefálico e a realização de exames neurológicos, como tomografias.


A microcefalia não possui tratamento específico, mas existem ações de suporte preconizadas pelo Sistema Único de Saúde para acompanhamento. As ações envolvem o estímulo precoce ao desenvolvimento da criança, por meio de avaliação auditiva, visual, motora, cognitiva e da linguagem. Já a prevenção se dá com o combate aos fatores de risco, além de proteção contra o mosquito que transmite o Zika vírus (Aedes aegypti), o que pode ser feito com o uso de roupas de manga longa e calça comprida.


Tão importante quanto combater os fatores que podem levar à condição é o enfrentamento às formas de preconceito e exclusão às quais estão submetidas as pessoas nessa condição. “A gente vive, um dia após o outro, em um universo cheio de obstáculos, mas também de aprendizagens. Uma mãe vai abraçando a outra e assim nos preparamos o tempo todo para o diferente, porque se agora está tudo bem, daqui a pouco a criança convulsiona e tudo muda”, relata Daguia Santos.

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